31 janeiro 2017

Senti(n)do

credit: Archan Nair
«Antes da tua existência a minha vida era calma, previsível, caminhava por estradas conhecidas sem grandes surpresas e tudo se ia compondo; talvez não houvesse tanta magia, tanto desconcerto e muito menos emoção à flor da pele mas sentia-me dona de mim, cria eu.
 Porque me tentas os sentidos, deixando a cada breve partida um sabor de boca amargo?; os dias tornam-se mais conquistados entre nós mas a saudade implica-se, entranha-se na pele nos dias em que as ausências pesam sobre a alma dorida.
 Percebi que tal controlo era fictício, que essa dita normalidade não me fazia feliz, não me completava e a cada ano passado me sentia mais insatisfeita, com uma maturidade sem companhia idêntica.
 Não tivesse esse dia acontecido, quando os nossos olhares se cruzaram e um sorriso meu te acordou para algo tão surpreendente, e jamais saberia o que é de facto respirar, sorrir...uma vida de incógnitas agora com respostas claras e uma vontade comum de caminhar por estradas coloridas.» 

30 janeiro 2017

O tempo em nós.


Há uma serenidade no teu olhar que por vezes me deixa inquieta.

Existem pequenos detalhes no teu corpo que já conheço de cor, respostas que antecipo em dias menos agradáveis, pensamentos que te passam pela mente em dias de separação temporária que consigo percepcionar antes que me peças apenas um abraço, sem respostas ou sugestões; sei que há dias mais difíceis de ultrapassar, memórias mais complicadas de "enterrar" mas todas as vicissitudes de estar vivo nos completam, nos dão força e energia para as batalhas que realmente são essenciais vencer.

Entre dias mais ásperos e outros que nos surpreendem com pequenas magias vamos conciliando tempo que nos é tão precário, que nos é tão especial para manter uma chama acesa.
Há nesse teu sorriso uma tristeza que por vezes se abate e me faz carregar contigo o peso de uma vida combativa, há no teu rosto porém uma certeza de teres cruzado meu caminho na altura certa mesmo eu sabendo que mais acertada poderia ter sido se o destino nos tivesse apresentado anos antes.

E o tempo em nós que ata e desata laços, que nos une e nos aquece em momentos de noites passadas juntos, com os corpos dialogantes e as certezas inconstantes, ultrapassadas no tempo que solidifica, aparta e reúne outra vez.




25 janeiro 2017

Acreditar!

Alô amigas.

Este é o meu post referente ao desafio lançado pela querida Cris Loureiro, no seu blog a vida não tem de ser perfeita. É para mim o que significa Acreditar... nunca desistam!


A
mar
Crer
Respeitar
Envolver
Despertar
Inspirar
Transformar
Aspirar
Respirar

02 janeiro 2017

This is gonna be a rainny day...

credit: Wordpress
«Quero sentir as pequenas gotas de chuva na minha face, sentir que os meus sonhos se convertem em gotas de orvalho e me refrescam a alma. Só preciso de um pequeno momento meu, um breve espaço para me sentir capaz de algo que me dê novamente força e energia, algo que me deixe extasiada, sem fome de mais amor; Porque o teu amor por vezes fere, faz-me sangrar de quando em vez e tira-me o discernimento de decidir pelo meu bem; nem sei mais porque continuo lutando, porque sigo esta estrada de encruzilhadas onde a felicidade não é o destino mas apenas uma passagem quando resolves lá parar.
 Só tenho a coragem necessária quando o tempo nos acolhe em fracções de harmonia, quando és meu profundamente sem questões morais ou dúvidas persistentes; só te tenho verdadeiramente se te afastas do mundo real onde vives todas as horas dos dias em que fico sozinha. 
 -'Irás conhecer um amor melhor, lembra-te de mim por favor!' - querias dizer-me? Sabes que só tu poderás desprender-me de ti porque guardas a chave do cofre que criei no meu coração mas negas-te a fechá-lo porque respiras o meu desejo e sabes que nunca recuperarás com outro alguém. Preciso da chuva prateada caindo sobre meus cabelos negros, preciso de raios de sol que espreitem e me devolvam a esperança de um dia ser diferente, sermos iguais e não pertencermos a ninguém...como me limpa a alma esta chuva! 
 "This is gonna be a rainny day, there's nothing we can do to make it change...We can make this last forever, so please don't stop the rain, let it fall!!!"»

Expectativas



Cada ano que começa traz uma carga imensa de expectativas, promessas, listas de afazeres, determinações e objectivos a cumprir; cada um de nós se compromete a melhorar, a ser mais isto e menos aquilo, a cumprir mais os sonhos, a dar mais valor à vida e aos outros... 

Pessoalmente também já me vi envolvida na elaboração de metas a atingir, projectos a conseguir, ideias a trabalhar, maneiras de ser mais qualquer coisa que não fui em anos anteriores; sou humana e por isso tenho na minha génese a influência da expectativa, da esperança, da novidade, e por isso até hoje andei às voltas com o que poderia ter feito melhor, o que falhou na concretização de certos planos, na demanda de sonhos que afinal não foram realizáveis. 

É com sinceridade que vos confesso que não admiro o dia 01 de Janeiro, faz-me sentir uma fraude ao crer que por este dia ser novo em 24 horas iniciais, de um ano com 365 dias, todos os outros serão magicamente melhores e todos os planos na minha cabeça se transformarão em conseguimentos num passe rápido de eficácia; tenho-me vindo a capacitar que não pode ser o ano a mudar-nos mas sim nós a mudarmos cada ano que a vida nos oferece e que quanto mais listas escrevemos mais nos perdemos no "como" e "quando" em vez de nos focarmos no "agora" e "assim". Quando nos comprometemos a trabalhar o nosso íntimo, a sonhar com metas reais e alcançáveis, a discernir o possível do encantável, então o nosso cérebro transforma-se na única lista que necessitamos, no verdadeiro armazenador de metas a atingir, de problmas a resolver, de vidas a modificar. 
São todos os dias 01 que interessam, todas as semanas e meses em que nos dispomos a ouvir o coração e a seguir os instintos nas lutas que devemos travar para alcançar desejos almejados, para sermos versões melhores de nós, para actualizarmos o nosso software e desenvolvermos cada passo no sentido certo. A carga emotiva de uma listagem de palavras abalroadas que escrevemos no frenesim dos últimos dias de cada Dezembro traz mais angústia que alegria e provoca menos assertividade naquilo que realmente queremos e é plausível, concretizável, saudável, certeiro. É por isso que deixei de planear no papel e decidi ontem, no tal dia 01 inicial, olhar-me no espelho e proferir como me vou realizar! 

*Bom ano 2017!