29 novembro 2017

Desafio Palavras[quase] Perfeitas - O Silêncio.

«E nesse teu olhar encontro o sossego das palavras não proferidas; não há necessidade de que me fales, de que te exponhas por meras palavras nem que transbordes de verbos, pronomes ou adjectivos...
 O silêncio habita-nos em momentos de calmaria, dá-nos oportunidade de crescer dentro da alma e de nos perpetuarmos por gestos de bondade, de amor, de ternura, de dedicação aos que amamos e aos que nos vão chegando pela porta da amizade...
 Há despertares que teu sorriso me provoca, sem que a tua voz se oiça, há uma imensidão de códigos entre nossos corpos que o silêncio traduz e num abraço diário existe tudo aquilo que necessito para respirar; são aquelas trocas de olhar, os encaixes dos lábios num beijo meigo, aquele leve roçar dos dedos na palma da mão, as suaves festas no cabelo despenteado que se ajeita e são todas as diversas metáforas que nos acostumamos a revelar sem falar...
 Depois há o meu silêncio tão oportuno para travar batalhas desnecessárias, para resguardar o peito de sobressaltos ineficazes ao bem estar que me salvaguarda; existem os momentos que me transformam em pássaro voador, guiado pelos suspiros do vento e pela gargalhada da chuva.
 Esse silêncio que conforta, que entende, que cura e que acompanha...porque apenas o silêncio imposto ou castrador não pode nunca servir, tudo o resto é a linguagem do amor: do próprio e do que nutrimos pelos demais.»



25 outubro 2017

A Felicidade (Desafio Outubro)


 Mais um mês que se avizinha do fim, mais um desafio proposto pela Cris em #palavrasquaseperfeitas e o meu testemunho.

«Nem sempre estamos tão inspiradas ou conseguimos expressar em palavras o que nos vai no pensamento, no coração e na alma; e este mês que costuma ser dos meus favoritos tem-me desassossegado a mente e a felicidade tem andado intermitente.
 E por isso neste desafio resolvi deixar-vos uma imagem que me faz imediatamente pensar na Felicidade, nos sentimentos que cruzam a minha mente e o meu corpo quando me sinto feliz...e porque ser feliz também é ser mágico e conseguir retirar de dias emnos bons os sinais positivos e os pequenos detalhes que nos dizem que tudo se vai recompor.
 Talvez ser feliz seja ser saudável, ter uma família que nos cuida e cuidamos, ter um emprego estável, um tecto para dormir, comida na mesa, amigos verdadeiros, tempo livre para desanuviar; ou talvez ser feliz seja fazer o bem sem olhar a quem, lutar por um mundo melhor, ser activista em causas nobres, respeitar o próximo, ser pacifista; ou talvez a felicidade seja apenas um conjunto de momentos que nos salvam, que nos impelem a dar o melhor, que nos fazem rir e ultrapassar dias cinzentos, que nos enchem o peito de ar...
 Seja lá o que para cada um é ser feliz, para mim é isto: »

11 outubro 2017

Estrelas

















 «A maioria dos anjos não tem asas, não vive algures no céu e não é uma qualquer criatura alada que vive fazendo travessuras como num quadro de Raphael; há anjos que caminham, respiram, andam por entre nós, cultivam o bem necessário, sofrem, riem...e são imperfeitos numa perfeita harmonia entre suas necessidades e as dos que escolhem proteger e amar.
 Na enorme diversidade de seres humanos existem aqueles que se distinguem pelo brilho, pela paciente teimosia com que enfrentam a vida sempre que esta não lhes responde positivamente; são seres que não pretendem dar nas vistas, gostam do sossego e de falar apenas quando sabem que suas palavras fazem a diferença entre uma lágrima e um sorriso;
 A noite é mais eficaz na estratégia de se curarem pois o dia afecta-lhes a sensibilidade apurada e deixa-os desgastados por intensas hipocrisias sociais, sabem que a humanidade é algo de extraordinário mas afunda-se a passos rápidos por não se unir, por não se reagrupar em torno do que é mágico e preterir acções profundas por instantes ocos. É durante o anoitecer que os anjos se recarregam, se escutam e se preparam para mais abraços, para se doarem mais um pouco até que os seus protegidos se consigam curar por si. Um anjo não cura, ajuda cada amor a reerguer-se no íntimo dos que os têm em suas vidas, constrói as pontes necessárias e ilumina os caminhos mais acertados para que cada um de seus amados se possa tornar forte e independente.
 Talvez todos tenhamos os nossos anjos mas nem todos os sabemos estimar, compreender, preservar e acabamos em encruzilhadas por orgulho, medo, ódio, indiferença, por nos crermos superiores e por não darmos o valor devido ao que mais importa nesta viagem com fim previsto; a vida tem prazo de validade e expira mesmo, mata-nos o físico e devolve-nos à terra onde todos nos tornamos iguais, do mesmo tamanho, da mesma cor.
 Uns de nós são esse anjo que não desiste dos que escolhe e acolhe ao longo de anos e aventuras diárias, corremos os riscos necessários para que os nossos corações se multipliquem por sorrisos estampados nos rostos dos que mais amamos; outros de nós são os que recebem essa estrela em forma de pessoa, que devem estimar cada momento em seus braços, em seu pensamento. Não se vive sem estrelas no céu, a escuridão seria negra demais sem que cada anjo ascendesse iluminando-nos quando já não pode viver a nosso lado e por isso a cada noite me despeço das estrelas e me transfiguro de anjo para cuidar dos Meus!.»

27 setembro 2017

Desafio Setembro - Despertar!












«Desperta-me a alma que se consome de saudade,
inventa-me estórias para que o tempo sopre depressa
e logo me reencontre em teus braços.
 Acorda meu coração que tem andado dormente,
revisitando lugares de pouca luz,
sentido a cegueira de não conseguir enxergar sem ti.
 Desperta minha memória, desaperta minha pele e veste-a
para que me sinta de novo parte de ti.
 Há luar em meus dias e sol nas noites que não durmo,
os dias trocados desaceleram meu sorriso e não há nascer do sol.
 Destranca meu corpo, eleva-me da negrura da saudade,
regressa ao nosso compasso onde dançamos ao som de nossos suspiros
e despe-me com ternura, sem correrias e sem medo.
 Desperta teu olhar, acorda teu âmago e vamos...»

30 agosto 2017

Desafio de Agosto - Saudade, a palavra (quase) perfeita!



«Saudade é coração!
 O batimento descompassado, o ritmo inexplicável quando me sorris depois de te ausentares mesmo que momentaneamente, o alerta no olhar frágil após o espelho não nos visualizar lado a lado.
 Saudade é amor!
 O peso dos que agora já só carregamos no peito, a névoa dos dias sem graça quando não estão mais entre nós os que devagarinho se vão tornando etéreos.
 Saudade é magia!
 O brilho do olhar infantil na festa de aniversário quando a vida ainda parece de brincar, onde nada afecta e tudo floresce sem pressa, sem lágrimas, sem dor.
 Saudade é poema!
 As palavras de livros por onde viajo, onde sou rainha de meu universo e onde tudo se resume a uma casa no meio da pradaria florida sem tempestades, sem céu cinzento, sem frio na alma.
 Saudade é vida!
 A cada minuto que condensamos no peito, a cada palavra que não expelimos da garganta, a cada beijo que deixamos escapar e por cada abraço que insistimos em negar; a vida perde-se em pequenos segundos quando não a entendemos visceralmente e a deixamos escapar por entre guerras, zangas, desilusões, amarguras inúteis.
 A saudade não espera pelo momento certo, não entende os amantes que se reencontram dia a dia e por isso invade os incautos, instiga os melancólicos e insiste com os inseguros de seu valor.
 Mas eu não quero, ainda assim, morrer sem senti-la acordar-me depois de um sonho menos bom porque é a saudade que nos eleva e nos reergue para o sol de novo aquecer a vida; é a saudade que nos instiga a sobrevivência no amor, nos impele para o corpo do desejo dos que nos enfeitiçam alegremente.
 Saudade é mulher!
 Nos meus braços descobres que és mais, que és aquele que respira por ser cuidador da mais perfeita criatura que habita os lugares mágicos de teu viver.
 E saudade é ter tudo e ter nada, é ser sorriso e lágrima no mesmo instante, é perder e ganhar no mesmo jogo da vida, é conquistar e perder no território da felicidade, é cuidar e não querer mais lutar quando a pena vale mais que a audácia.
 Saudade sou eu e tu!
 Somos feitos do que fomos e não pudemos ser, do que queremos e não pudemos ter, do que sentimos e não pudemos esquecer...»


Sem tempo...

https://www.youtube.com/watch?v=NmCFY1oYDeM&list=RDEMfZEnh_DCg6w8P70MXI0VsA&index=2

«Esse teu sorriso que num ápice me transformou, me fez ganhar consciência do quanto se pode percorrer numa vida em passos errados, em estradas inúteis que nos levam apenas a questionar porque ainda necessitamos de crer que o mundo afinal não é um mau lugar, apenas mal frequentado.
 Esse teu olhar tão vivido que me puxou para uma realidade mais serena e bonita, sempre que me abraças e me elevas a sonhos de esperança; esse teu calor que me domina o querer ficar, não mais te largar porque não quero descobrir o lado de me sentir de novo só.
 Cada traço teu me descansa o coração, cada cicatriz tua me faz aprender novas soluções porque sei que não me deixarás cair num abismo de onde tão difícil foi sair, cada marca de lutas que travaste quando ainda eu era miragem em teu percurso dão-me alento e armas que tinha perdido numa guerra inglória com minha mente.
 És aquela luz que os vivos experimentam à beira da morte quando o coma de uma vida sem sabor se apodera do juízo, és o sol saudável que me puxou da apatia de me sentir desfeita e és a lua que me sussurra cada noite, embalando meus sonhos de ti, de nós.
 Há uma certeza apenas que agora possuo, a verdadeira monumentalidade de te pertencer e de te reerguer também de anos sem coração batendo compassadamente, a certa verdade de que não há acasos mas apenas encontros que obrigatoriamente irão desenrolar-se quando duas pessoas se aproximem da chama fria de viver sem vida; e amar-te hoje sem amanhã é o que posso fazer, é o que tenho certo ao respirar e é o que possuo para te recuperar.
 Cada dia como o último, cada hora como a mais bela e cada minuto como o mais precioso entre nós que nos abandonámos um dia atrás ao sonho de ser completo, de ser feliz, de ser vivido e celebrado.
 Esse teu corpo que me alimenta a cada sopro de energia e me transforma na mulher que nasci para ser, esse teu abraço forte que me conserta a alma a cada impacto entre nossas harmonias, essa tua sincera vontade em me transformar na rainha de teu sono guardado a cada noite em que voamos juntos.
 Serenamente te acolhi, tempestuosamente te vou tatuando em meu interior doce e sem pressas vamos sendo um só e recuperando o que não era tempo, não era presente, não era ser!»

26 julho 2017

Desafio Palavras quase Perfeitas: Solidão!


" Solidão é o modo que o destino encontra para levar o homem a si mesmo.(Hermann Hesse)"

 Crescendo como filha única sempre me foi natural passar partes do tempo com meus botões, criar amizades imaginárias, falar com os peluches ensinando-lhes coisas da escola e até ter como companheiro de risos um cão amigo fantástico.
 Para mim a solidão equivale à noite, a parte do dia em que o silêncio dos outros nos permite acertar a alma e ouvir os sonhos falarem de como os devemos concretizar; e gosto da noite, das estrelas iluminando-me os passos, do leve burburinho dos pássaros que regressam aos ninhos, gosto do vento suave que pelo fim de dia começa a deixar-se escutar e me traz palavras doces dos que estão ausentes temporariamente.
 A solidão é um estado de ausência que pode ser temporário ou absoluto quando encerra nele a morte física dos que amamos; podemos usar estarmos sós para nos reencontrarmos, para realinharmos o coração com o que de facto mais importa, nos motiva e nos move.
 Gosto de me sentir só em alturas de apuro, quando meu cérebro se cansa de dias exaustivos no meio do caos do trabalho, dos gritos da rua, das sirenes do mundo; gosto de me abstrair, de me juntar peça por peça e de saber que tenho cura como uma boneca feita de trapos que se remenda quando a vida lhe provoca feridas.
 Na filosofia budista diz-se que só aquele que consegue estar só se pode conhecer intimamente e permitir-se estar rodeado de gente sem se sentir perdido; e eu vou tentando conquistar meus momentos de solitude, deixando que o mundo avance sem me arrastar por caminhos escolhidos ao sabor de outros.
 A solidão não tem de ser má, não deve ser punitiva nem agravar estados de quietude; a solidão inteligente e na medida certa é como uma capa de super herói que nos ajuda a conseguir atingir todo e qualquer acto de amor, de liberdade, de força interior!
 Gosto da solidão, sou solitária de pensamento mas feita de afectos e distribuidora de amor...porque um dia soube que estar sozinha não é estar só!

by Nádya Prazeres.